Eficiência, investimento que dá retorno
Por Felipe Gradin
Em tempos de crise, o melhor investimento é cortar custos, dizem os manuais de gestão. E, se há um custo nas empresas que cresceu significativamente nos últimos anos, esse é o da energia elétrica. Com reajustes de tarifas acima de 50%, o gasto, que às vezes passava despercebido em alguns setores, se tornou pesado para todos e destroçou a competitividade de indústrias inteiras, caso de eletrointensivas como a de alumínio. É difícil, portanto, que um tema não seja prioridade hoje para as empresas que estão revendo suas finanças: a eficiência energética.
Se a primeira grande onda da eficiência energética no Brasil foi provocada pela insegurança do abastecimento, na época do racionamento, a nova revolução é motivada agora pelo alto preço da energia em um cenário de pouco dinheiro em caixa. As soluções existem, estão disponíveis, interessam às empresas, mas falta verba para investir. O financiamento, então, tem papel ainda mais importante do que há 15 anos. Sem ele, será muito mais difícil tirar os projetos do papel em quantidades expressivas.
A boa notícia é que os bancos identificaram essa oportunidade e estão tentando adaptar seu portfólio de crédito para atender esse mercado. Como mostra a reportagem de capa, BNDES, Santander, Banco do Brasil e outras instituições estão criando produtos específicos para o setor, corrigindo falhas e tornando-os mais atraente para os clientes.
A má notícia é que os juros estão nos patamares mais altos dos últimos 10 anos. Com taxas de fazer corar um agiota estrangeiro, o crédito no Brasil não favorece investimentos. Mas em comparativo com outras opções nacionais, as linhas para eficiência energética tem hoje taxas competitivas, especialmente no BNDES. E o banco garante que, mesmo com os cortes em seu orçamento, tem dinheiro de sobra para a eficiência.
Mesmo os bancos privados, com juros mais altos, têm conseguido atrair clientes e vêm ampliando suas carteiras. No fim, com taxas altas ou baixas, tudo se resume à disponibilidade de crédito e ao retorno do investimento. Com as tarifas escorchantes como estão, o retorno está cada vez maior. E, segundo os bancos, não vai faltar dinheiro. Agora é receber para crer.