03 ago

Subsídios para Geração Distribuída talvez seja o mais sociável do setor elétrico

Aneel sinaliza para a retomada da discussão sobre a revisão das regras destinada à geração distribuída
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quer retomar a discussão com os agentes sobre a revisão das regras para geração distribuída. Na última quinta-feira, 30 de julho, o novo relator do processo, Efrain Cruz, participou de evento virtual com representantes da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).

Para o regulador, a GD é uma das fontes mais democráticas do setor elétrico hoje e, portanto, merece a atenção da agência. “Hoje a gente observa que, ainda que venhamos a falar de algum tipo de subsídios [para GD], talvez seja o subsídio mais sociável do setor elétrico”, disse.

Em seguida Efrain apresentou um gráfico com vários subsídios existentes no setor elétrico que superam os concedidos à geração distribuída. Segundo a Aneel, estima-se que à GD os valores cheguem a R$ 3,9 bilhões em 2022, contra os atuais R$ 1,78 bilhão.

“Essa casa tem como criar um ambiente de recepção da GD sem prejudicar o crescimento, mas com sustentabilidade”, afirmou Efrain.

O processo já se estende desde 2018. Atualmente, a consulta pública nº 25 está em compasso de espera, enquanto parlamentares debatem a construção de uma legislação que ofereça segurança jurídica e previsibilidade regulatória ao mercado de geração distribuída.

A polêmica se concentra no pagamento pelo uso da rede da distribuidora por parte dos consumidores com sistemas de geração distribuída, entre outras mudanças mais técnicas.

Efrain reforçou as competências técnica e jurídica da Aneel em regulamentar o tema, em uma sutil demonstração de que a agência quer reabrir o diálogo sobre o assunto e trazer novamente o debate para arena técnica.

O deputado estadual Gil Pereira (PSD/MG), também presente no evento da ABGD, saiu em defesa da geração distribuída e pediu medidas que não prejudiquem esse setor que “tem gerado muitos empregos na região norte de Minas”.

“Realmente é um assunto que temos que ter uma sensibilidade para fazer uma coisa serena, mas uma coisa que não prejudica esse caminho sem volta que é a energia solar”, disse Pereira, lembrando que Minas Gerais concentra 21% da capacidade de GD do país, graças ao pioneirismo do estado em incentivar o desenvolvimento desse mercado.

Ao que tudo indica, a pandemia do coronavírus também serviu para reforçar o caráter disruptivo da energia solar, pois, mesmo imerso em um ambiente de crise de saúde, econômica e fiscal, o segmento segue crescendo a passos largos no Brasil, e hoje confere 3,37 GW de potencia instalada, 267 mil instalações, beneficiando mais de 342,4 mil unidades consumidoras.

Efrain disse que a energia solar já foi “abraçada pelos brasileiros”, visto que hoje a tecnologia já está presente em 83% dos municípios no país. Disse que deslocou o cronograma da revisão para o primeiro semestre de 2021 para ter mais tempo de discussão com os agentes. O diretor também reconheceu que tinha uma visão diferente antes de ser o relator do processo.
Fonte: Canal Energia

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31 jul

O Papel do setor elétrico nos Planos de Recuperação Econômica pós pandemia da União Europeia

Neste novo contexto econômico, o setor elétrico irá desempenhar um papel fundamental associado às novas tecnologias, como os Recursos Energéticos Distribuídos

A crise econômica decorrente da pandemia da Covid-19 tem suscitado uma série de discussões acerca dos planos de recuperação, políticas públicas e investimentos para os próximos anos. Após medidas iniciais direcionadas à crise sanitária e a soluções emergências para minimamente garantir renda e emprego, a recuperação econômica de longo prazo está associada, grosso modo, a três grandes desafios para os governos:

i. Estimular e garantir a retomada do crescimento econômico;
ii. Promover a criação de empregos; e
iii. Estimular o desenvolvimento sustentável, com foco em fontes de energia renováveis.

Neste novo contexto econômico, o setor elétrico irá desempenhar um papel fundamental associado às novas tecnologias, como os Recursos Energéticos Distribuídos (RED).

Estima-se que os impactos da Covid-19 na economia resultem em uma contração de 6% do PIB mundial e uma taxa de desemprego de 9,2%, em 2020, caso a pandemia seja efetivamente contida e não haja uma segunda onda de contaminações (OECD, 2020). Em função da forte relação entre atividade econômica e consumo energético, as projeções apontam para uma queda da demanda global de energia de 6% (IEA, 2020). Contudo, espera-se que as fontes renováveis ampliem sua participação na matriz energética, graças à operação de nova capacidade, aos menores custos operacionais e ao despacho prioritário, relacionados direta e indiretamente com o processo de descarbonização.

Em um primeiro momento, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) vão reduzir de forma significativa, em função do impacto da pandemia sobre a atividade econômica, o comércio e o setor de transportes, demonstrando-se, assim, que são as atividades produtivas a causa central da poluição mundial. No entanto, em períodos de recessão, como na crise de 2008, a retomada econômica esteve associada a um rápido restabelecimento dos níveis de emissões de GEE. Em vista da importância das mudanças climáticas e dos objetivos de desenvolvimento sustentável, as fontes renováveis e a transição energética, alinhadas às estratégias nacionais, devem estar no núcleo central dos planos de recuperação.

No fim de maio, a União Europeia (UE) lançou o Plano de Recuperação com orçamento de € 1,8 trilhão . No cerne do Plano está o incentivo a investimentos em setores e em tecnologias essenciais para a:

i. Transição digital, a exemplo do 5G e da inteligência artificial; e
ii. Transição energética, como o hidrogênio e as energias renováveis offshore, considerados como o elemento chave e diferenciador para o futuro da Europa.

O Plano de Recuperação está alinhado ao Pacto Ecológico Europeu, o qual possui uma estratégia de desenvolvimento sustentável e tem como objetivo central alcançar a neutralidade climática até 2050. Este desafio está associado ao desenvolvimento de uma dupla transição, ecológica e digital, através de diversas metas, como a maior participação (32%) das fontes renováveis na matriz energética. Dentre os resultados almejados pelo Plano, estima-se que o cumprimento das metas relacionadas à energia e à redução de emissões poderiam conduzir a um aumento de 1% do PIB e à criação de cerca de um milhão de novos empregos. Dessa maneira, a “retomada verde” está alinhada com os três desafios da recuperação econômica citados anteriormente.

Seguindo a diretriz orçamentária estabelecida pela UE para fomentar a redução de emissões de GEE, pelo menos 25% do orçamento previsto no Plano de Recuperação deve ser direcionado para questões climáticas e de energia. A título de comparação, o programa de recuperação econômica criado em resposta à crise de 2008 reservou apenas 2% do orçamento para gastos em clima e energia, o que, somado à redução da capacidade de investimentos privados, contribuiu para a manutenção de estruturas produtivas poluidoras e para o rápido restabelecimento do nível de emissões de GEE (ELKERBOUT et al., 2020).

Do orçamento total do Plano de Recuperação, € 750 bilhões (42%) destinam-se ao Next Generation, um instrumento emergencial que reforçará o orçamento da UE através de financiamentos obtidos junto ao mercado financeiro, para o período de 2021-2024. Este instrumento possui três objetivos principais:

i. Favorecer a recuperação dos Estados-Membros;
ii. Estimular a retomada econômica e o investimento privado; e
iii. Retirar lições da crise.

Para tanto, o Next Generation se subdivide em iniciativas que endereçam dimensões específicas, dentre elas: Action Plan on Critical Raw Materials, Horizon Europe e Just Transition Mechanism.

A cadeia de suprimentos de tecnologias renováveis, afetada profundamente pelas medidas de contenção da pandemia e pelos efeitos da Covid-19 sobre a atividade industrial, é um dos temas tratados no Action Plan on Critical Raw Materials. Seu objetivo central é fortalecer, de maneira sustentável, os mercados considerados fundamentais para a mobilidade sustentável, o armazenamento de energia e as fontes renováveis. Ademais, os projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) serão incentivados através do reforço de € 30 bilhões no Horizon Europe, destacando e evidenciando o papel crucial das atividades de P&D para a transição em direção de uma economia limpa, circular, competitiva e com impacto neutro no clima (EC, 2020).

No âmbito da criação de empregos sustentáveis, o Just Transition Mechanism apoia os territórios com maiores níveis de emissões de GEE no processo de transição energética, explorando novas oportunidades para criação de empregos e promovendo o desenvolvimento sustentável. O mecanismo inclui projetos de descarbonização, diversificação econômica das regiões, energia, transportes e infraestruturas sociais.

Adicionalmente, os países europeus concordaram em não financiar, através do Just Transition Mechanism, projetos relacionados à energia nuclear ou ao gás natural, em função dos objetivos de longo prazo associados à maior participação de novas fontes renováveis e à redução das emissões de GEE. O Mecanismo é considerado, neste sentido, um dos direcionadores das políticas de longo prazo e “motores para a recuperação” (MAZZUCATO; DIBB; MCPHERSON, 2020).
O arcabouço instituído pela Comissão Europeia através do Plano de Recuperação e os instrumentos de incentivo adjacentes possuem um caráter diretivo, pautado na criação de pacotes e medidas de recuperação nacionais, que internalizam as recomendações da Comissão, considerando suas especificidades e desafios intrínsecos.

Um exemplo seria a Alemanha, que planeja a sua recuperação com vistas à descarbonização da sua economia. O plano de recuperação alemão conta com um orçamento total de € 130 bilhões, sendo que, destes, € 50 bilhões serão destinados a novos investimentos em meio ambiente, sustentabilidade e digitalização. Os recursos públicos serão direcionados exclusivamente para veículos elétricos e híbridos. Além disso, a Alemanha está dando uma importância estratégica ao hidrogênio verde, ou seja, produzido a partir de fontes renováveis de energia.

A descarbonização total dos transportes e de setores da indústria energo-intensivos consiste em uma meta ousada e de difícil alcance, mas a maior economia da UE investirá na ampliação da capacidade instalada de geração renovável em 10 GW, no horizonte até 2040 (CHIARETTI, 2020).

Na França, medidas de recuperação setoriais também têm indicado uma priorização de investimentos renováveis na recuperação econômica. O resgaste de € 11 bilhões à companhia aérea Air France foi condicionado à redução de emissões em voos domésticos em 50%, até 2024, além da meta de 2% dos combustíveis utilizados serem provenientes de fontes renováveis. No setor automotivo, a injeção de € 8 bilhões visa recuperar a indústria após a redução das vendas e, simultaneamente, tornar a França um polo industrial de veículos elétricos na Europa, com a meta de produzir um milhão de carros elétricos, até 2025. Como parte do plano de recuperação do setor, subsídios governamentais são oferecidos a consumidores como incentivo para a substituição de veículos com motor à combustão interna por modelos elétricos.

Já na Espanha, iniciou-se a tramitação do projeto de Lei da Mudança Climática e Transição Energética, com o objetivo de atingir a neutralidade climática e ter um setor elétrico 100% renovável, até 2050. No texto, temas como novas fontes renováveis, armazenamento de energia, eficiência energética e mobilidade sustentável são tratados. Além destes, destaca-se um processo de revisão de subsídios e desinvestimentos em projetos associados aos combustíveis fósseis. Estima-se que a transição proposta resultaria em € 200 bilhões em novos investimentos na próxima década, além da geração de cerca de 300 mil novos empregos por ano.

Em suma, os planos de recuperação econômica, com destaque para o Next Generation, desenvolvido pela Comissão Europeia, evidenciam e destacam as fontes de energia renováveis e o investimento em novas tecnologias como oportunidades de aceleração do crescimento sustentável e da transição energética em curso. Simultaneamente, a premência da agenda climática reafirma a necessidade de se estabelecer um setor de energia limpo como o motor do desenvolvimento econômico no cenário pós-pandemia. A transição energética e as tecnologias limpas, neste sentido, não são apenas protagonistas na crise atual, mas constituem uma parte fundamental, tanto da trajetória de recuperação econômica, quanto da sociedade, como instrumentos dinâmicos pós pandemia. Cabe avaliar, em trabalhos futuros, em que medida as lições aprendidas a partir da análise da experiência internacional, em especial da UE, podem ser traduzidas em recomendações práticas para a retomada da economia brasileira.

Referências Bibliográficas
CHIARETTI, D. Recuperação alemã deixa de lado petróleo e mira energia limpa. Disponível em: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/06/19/recuperacao-alema-deixa-de-lado-petroleo-e-mira-energia-limpa.ghtml. Acesso em: 10.07.2020
EC, European Comission (2020). Europe’s moment: Repair and Prepare for the Next Generation. COM/2020/456 final.
ELKERBOUT, M.; EGENHOFER, C.; NÚÑEZ FERRER, J.; CATUTI, M.; KUSTOVA, I.; RIZOS, V. (2020). The European Green Deal after Corona: Implications for EU climate policy. CEPS Policy Insights.
IEA, International Energy Agency (2020). Sustainable Recovery. IEA, Paris.
MAZZUCATO, M.; DIBB, G.; MCPHERSON, M. (2020). The path to COVID recovery: the urgent need for the EU Green Deal and a new approach to Industrial Strategy. Disponível em: https://medium.com/iipp-blog/the-pathto-covid-recovery-the-urgent-need-for-the-eu-greendeal-and-a-new-approach-to-industrial-e91a4ad5ae7. Acesso em: 10.07.2020
OECD, Organization for Economic Co-operation and Development (2020). OECD Economic Outlook. Volume 2020, Issue 1: Preliminary version. OECD Publishing, Paris.

Nivalde de Castro é Professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do GESEL – Grupo de Estudos do Setor Elétrico. Lorrane Câmara é Pesquisadora Plena do GESEL e doutoranda do PPE-COPPE-UFRJ. Sandra Xavier é Professora do Instituto Federal do Paraná Pesquisadora Associada do GESEL. Caroline Chantre é Pesquisadora do GESEL e mestranda do PPED-IE UFRJ.

Fonte: Canal Energia

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25 jul

Matriz continuará com forte participação hídrica, aponta PNE 2050

Documento colocado em consulta pública indica que governo terá o problema de adequar a abundância de fontes de energia a uma demanda muito mais baixa do que oferta

MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

O Plano Nacional de Energia 2050 entrou em consulta pública no Ministério de Minas e Energia nesta segunda-feira, 13 de julho. O documento conta com cerca de 230 páginas e vem com dois cenários base tomando como referência o ano de 2015, colocando entre suas premissas o caminho da transição energética, modernização do setor com os 3Ds ao lado da expansão tradicional do setor energético brasileiro.
Em linhas gerais, aponta o MME, os estudos do PNE e que agora estão abertos a contribuições da sociedade, apontam para um potencial energético de quase 280 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) no horizonte até 2050. Este valor, continua no documento, representa o potencial de recursos não renováveis da ordem de 21,5 bilhões de tep e o potencial anual de 7,4 bilhões de tep de recursos renováveis ao longo de 35 anos.
Por outro lado, a demanda de energia cresce de 300 milhões de tep para cerca de 600 milhões de tep e, ao longo de trinta e cinco anos, essa trajetória representa uma demanda de energia total acumulada do período equivalente a pouco menos de 15 bilhões de tep. Ou seja, mostra uma perspectiva de abundância de recursos energéticos frente à demanda estimada que é apontado como o desafio nesse horizonte de tempo. “Trata-se de um contexto completamente distinto do passado nacional caracterizado pela escassez de recursos energéticos, com eventos de grande restrição energética”, pontua o MME.
Foram elaborados dois grandes cenários, formando um cone de incertezas para o desenho da estratégia de longo prazo: o primeiro, chamado Desafio da Expansão, que reflete requisitos de expansão do setor de energia para atendimento a um crescimento da demanda de energia mais expressivo. No segundo, chamado de Estagnação, analisam-se as consequências de um cenário em que o consumo de energia per capita mantém-se inalterado ao longo de todo o período.
O cenário Desafio da Expansão apresenta taxa de crescimento médio de 2,2% ao ano, chegando em 2050 com pouco mais do que o dobro do consumo final de 2015, com crescimento mais acelerado nos primeiros quinze anos, a uma taxa média superior a 2,5% a.a. Já no cenário Estagnação, o crescimento do consumo final de energia aumenta de pouco mais de 10% no horizonte de análise.

E ainda, no cenário Desafio da Expansão, é projetado um crescimento do consumo potencial de energia elétrica (que engloba o consumo na rede, a autoprodução, a geração descentralizada e é calculado antes dos ganhos de eficiência energética) da economia brasileira de 3,5% ao ano em média entre 2015 e 2050, atingindo-se um valor próximo de 240 mil MW médios (ou pouco mais de 2.100 TWh) ao fim do período.
Deste total, cerca de 5% do consumo potencial serão atendidos por Geração Distribuída, representando quase 11 mil MW médios, enquanto 7% (ou 16 mil MW médios) por Autoprodução. A eficiência energética se expande de forma significativa no período, devendo atingir 17% do total requisitado em 2050, o que equivaleria a pouco mais de 40 GW médios ou aproximadamente 360 TWh.
No Cenário Estagnação, a taxa média projetada de crescimento do consumo potencial de energia elétrica é de 1% ao ano entre 2015 e 2050, atingindo-se um valor pouco abaixo de 100 mil MW médios (ou pouco menos de 870 TWh) ao fim do período. A menor expansão econômica e o crescimento populacional modesto acabam por se refletir em uma menor expansão do consumo potencial de energia elétrica no horizonte deste cenário. Deste total, há um aumento da participação da Autoprodução com 14% (ou 13 mil MW médios) do consumo potencial. Nesse cenário é estimado que 7% do consumo potencial serão atendidos por GD, representando quase 6 mil MW médios, enquanto a eficiência energética responde por 10% do total requisitado em 2050, o que equivaleria a pouco menos de 10 mil MW médios.

No que se refere à forma de geração no cenário Desafio da Expansão, a demanda a ser atendida por produção centralizada cresce até 2,5 vezes em relação aos valores do ano base, mesmo com crescimento de GD, autoprodução, energia solar térmica e eficiência energética no período. Isso representaria 172 mil MW médios.
No cenário Estagnação, a perspectiva é de a geração centralizada continuar na faixa entre 65 mil a 70 mil MW médios, patamar que representa aproximadamente dois terços do requisito total de energia em 2050. Essa situação, continua o documento em consulta pública, não se daria apenas pelo crescimento mais modesto associado a este cenário, mas também a um aumento da participação relativa de Autoprodução e GD, cujos determinantes não se restringem apenas à evolução da atividade econômica interna.
Como conclusão dessa análise, aponta o MME, a matriz elétrica em 2050 continua predominantemente hidráulica tanto em termos de capacidade instalada quanto de geração (no período médio), com emissões de GEE decrescentes no período, também como resultado do descomissionamento de usinas termelétricas a combustíveis fósseis ao longo do horizonte. O gráfico abaixo aponta a perspectiva de participação no cenário de estagnação.

Potencial das fontes
Dentre as principais fontes de geração, o documento aponta que o potencial hidrelétrico considerado é de 176 GW, sendo 108 GW em operação e construção até 2019 e 68 GW de potencial hidrelétrico inventariado. Neste montante estão incluídas as UHEs e os projetos hidrelétricos menores de 30 MW que se encontravam com estudos de inventário concluídos e aprovados pela Aneel. E ainda, do atual montante de mais de 100 GW instalado, estima-se como conjunto de usinas elegíveis à modernização (repotenciação) cerca de 50 GW, distribuídos em 51 usinas em todos os subsistemas.
Em termos de energia eólica o PNE lembra que em 2001, foi elaborado o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, indicando um potencial instalável de 143 GW para todo o País. Desde então, foram divulgados estudos mais atuais sobre o potencial eólico, porém em nível estadual e seguindo cada qual seu conjunto de restrições, modelos e premissas. No documento são citados os resultados em diferentes alturas de torres tanto no onshore quanto offshore.
A capacidade instalada total esperada de eólica em 2050 pode ser ainda maior do que 200 GW se forem considerados alguns casos especiais, tais como a expansão 100% renovável da matriz elétrica e frota de veículos 100% elétrica, desde que não seja permitida a expansão de UHEs com interferência em áreas protegidas. Nesses dois casos, a capacidade instalada referente aos projetos eólicos atinge em torno de 209 GW e 246 GW, respectivamente. Tais valores corresponderiam a uma participação eólica entre 36% e 42% da capacidade instalada total do sistema em 2050. Se, por outro lado, não houver restrição à expansão das UHEs com interferência em áreas protegidas, esses montantes seriam menores, ressalta.
Para a outra fonte que é apontada como de maior perspectiva no mercado, a solar, a estimativa quantitativa do potencial indicado no PNE considerada apenas as áreas já antropizadas, ou seja, não foram incluídas áreas com vegetação nativa. Considerando apenas as melhores áreas disponíveis, com radiação superior a 6 kWh/m² por dia, seria possível a instalação de 307 GWp.
O gás natural tem destaque ao passo que a fonte é apontada como um “importante complemento à geração hidrelétrica desde o início da década de 2000”. Lembra das recentes mudanças tanto nas opções de oferta de gás para UTEs, quanto na demanda pela termeletricidade. E ainda, do aumento das opções de oferta para o setor elétrico, restritas à Petrobras por vários anos, que agora se diversificaram e levaram ao desenvolvimento de diferentes modelos de negócios, como terminais privados de GNL ou a experiência bem sucedida de geração com gás em terra do tipo reservoir-to-wire.
Segundo análise apontada no PNE 2050, as perspectivas de evolução no contexto tanto da oferta quanto da demanda de geração termelétrica a gás natural demandarão esforços de mudança tecnológica e regulatória. E que as reformas correntes no setor de gás natural e elétrico são apenas o início de uma adaptação contínua. A questão que se impõe para os próximos anos é o papel do gás natural no setor elétrico e na transição energética.
Ao final, a oferta potencial disponível em 2050 seria da ordem de 340 milhões de m³/dia a 450 milhões de m³/dia de gás natural. O consumo industrial de gás natural teria acesso à oferta de origem nacional a preços competitivos em função do sucesso do programa Novo Mercado de Gás, aumentando dos atuais 50 milhões de m3/dia em 2015 para um patamar entre 90 a 150 milhões de m3/dia em 2050. Dessa forma, a diferença entre a oferta total e a demanda industrial seria o volume disponível para as térmicas.
Outro ponto é o atendimento de potência, que passou a fazer parte do mais recente PDE. Para 2050 seria composta por um conjunto de tecnologias que contribuem, de forma segura, para o balanço de potência instantâneo considerando seus custos e a baixa probabilidade de despacho, dentre termelétricas flexíveis, repotenciação ou instalação de unidades geradoras adicionais em usinas hidrelétricas existentes, UHEs reversíveis e armazenamento em baterias.
Geração distribuída entra na análise já considerando a revisão do mecanismo de compensação, com aplicação de tarifa binômia para novos micro e minigeradores, bem como determinantes econômicos (como o crescimento da renda das famílias e a perspectiva de queda dos custos das tecnologias). Nessa situação a GD alcançaria um valor entre 28 GW a 50 GW em 2050, algo entre 4% a 6% da carga total.
Em transmissão a possibilidade de integração de grandes quantidades de fontes variáveis na rede, a capacidade de transmissão de grandes blocos de energia tende a ser um elemento crítico num cenário com grande penetração eólica. Além disso, com grandes transferências de energia entre regiões passa a ser mais relevante ainda endereçar as questões relativas às perdas da transmissão e distribuição. Por fim, outra direção ainda não explorada consiste na eventual instalação de plantas eólicas offshore e as questões do ponto de vista ambiental associadas às linhas de transmissão submarinas. Um desafio será a substituição da infraestrutura do sistema elétrico à medida que ela for envelhecendo.
O ministério lembra que o PNE 2050 tem como objetivo delinear a visão estratégica do governo a partir de questões relevantes para a tomada de decisão no horizonte de longo prazo. Na abordagem há um conjunto de questões nos cenários que trazem elementos para o desenho da estratégia do governo, traduzida em um conjunto de recomendações. E acrescenta que como toda estratégia, o Plano não está escrito em pedra. “É um instrumento vivo que dialoga com distintas possibilidades e ambientes de incerteza e que pode, sim, servir como norte na atual conjuntura da crise”.
“Certamente, o próprio desenho da estratégia de longo prazo torna-se um desafio inédito para as autoridades do setor de energia, no sentido de aproveitar da melhor forma possível a oportunidade para alavancar a competitividade da economia nacional e aumentar o bem-estar da população brasileira”, ressalta.
Fonte: Canal Energia

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25 jul

FNM está de volta e fará caminhões elétricos

FNM está de volta, rebatizada de Fábrica Nacional de Mobilidade, com a promessa de produzir caminhões elétricos em Caxias do Sul (RS) a partir de novembro

A FNM está volta, mas, em vez de Fábrica Nacional de Motores, a sigla agora é de Fábrica Nacional de Mobilidades. Isso porque a marca, que saiu de cena no fim dos anos 1980, agora produzirá caminhões elétricos. A nova companhia promete iniciar as operações em novembro, em Caxias do Sul (RS). A FNM também oferecerá o RePower, como é conhecido o serviço de transformação de veículos com motor a diesel em elétricos.
A nova FNM é fruto de uma parceria entre os empresários José Antonio e Alberto Martins (foto abaixo) e a Agrale. Eles são filhos de José Antonio Fernandes Martins, que atuou como executivo da Marcopolo por 53 anos. Atualmente, Martins (pai) é um dos acionistas da fabricante de carrocerias.
Tanto a Marcopolo quanto a Agrale têm fábricas em Caxias do Sul. A cidade gaúcha é um importante polo industrial do setor de transportes. A Randon, fabricante de implementos rodoviários, e a Agritech Lavrale, que faz tratores, também ficam na região.

Nova FNM lança dois caminhões
Os caminhões da FNM serão feitos nas instalações da Agrale, que também fabrica caminhões e ônibus. Boa parte dos componentes, como baterias, motor e sistemas eletrônicos, será importada dos Estados Unidos. A montagem final vai ficar a cargo da FNM. Por ora, a empresa oferecerá dois modelos.

FNM
O FNM 832 (foto acima) terá Peso Bruto Total (PBT) de 13 toneladas e 6,2 metros de comprimento. No FNM 833 (abaixo), o PTB será de 18 toneladas e o comprimento, de 7,2 m. O motor elétrico terá potência equivalente a 355 cv. A autonomia total será de cerca de 130 km com as baterias “cheias”. Isso quer dizer que os caminhões serão voltados a operações urbanas rodoviárias de curta distância.
Os caminhões elétricos da FNM terão peças feitas de compósitos especiais e nióbio. É o caso de partes do chassis, freios, suspensões, rodas e componentes estruturais. O objetivo é aumentar a resistência e reduzir o peso. E, embora tenham visual que remete aos antigos FNM, os novos caminhões trarão tecnologias de ponta.

FNM não terá concessionárias
Segundo José Antonio Martins, o Zeca, haverá soluções como telas e sistemas conectados com os frotistas. Isso permitirá o monitoramento do veículo em tempo real. Entre outros destaques estão câmeras e sistema automático que reduz o risco de colisão, além de recursos de inteligência artificial. “Será um smart-truck (caminhão inteligente)”, diz Zeca.
Alertas de mudança involuntária de faixa de rolamento, de partida de veículos à frente, de distração do motorista também serão oferecidos. Atualmente, esse tipo de recurso está disponível apenas em automóveis de luxo e caminhões mais caros. É o caso das versões de topo dos cavalos-mecânicos pesados de Mercedes-Benz, Scania e Volvo.
A FNM não terá concessionárias. A venda será feita diretamente pela empresa, por meio de pagamento antecipado. A assistência técnica será prestada pela fabricante que irá até os cliente.
A nova FNM tem logotipo inspirado no da clássica fabricante de caminhões. E, após adquirir o nome, já providenciou o registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Fenemê fabricava motores de avião
A Fábrica Nacional de Motores foi a primeira fabricante de caminhões do Brasil. Conhecida como “Fenemê”, a empresa surgiu em 1942, durante o governo de Getúlio Vargas, para produzir motores de avião. Sua criação era estratégica em meio à Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945.
Mas o primeiro motor só saiu da fábrica de Xerém, em Duque de Caxias (RJ) em 1946. Com o fim da Guerra e a deposição de Getúlio, seu sucessor, Eurico Gaspar Dutra, mandou suspender a produção de motores. A unidade teve o foco voltado á produção de peças para máquinas industriais e eletrodomésticos, além de geladeiras, compressores e bicicletas.
A FNM se associou à Italiana Isotta Fraschini e, em 1949, passou a produzir caminhões. Até então, todos os caminhões que circulavam no Brasil eram importados. O D-7.300, primeiro modelo da empresa, era um bicudo com motor a diesel e capacidade para 7,5 toneladas.

Parceria com a Alfa Romeo
Foram fitas 200 unidades, mas a Isotta Fraschini, que enfrentava dificuldades financeiras, parou de enviar peças ao Brasil. O FNM, então,se associou à Alfa Romeo, que na época pertencia ao governo italiano. Dessa união surgiu o FNM D-9.500, um cara-chata com capacidade para 9,5 toneladas. O modelo foi lançado em 1951.
Em 1958 foi lançado do D-11.000 (foto acima), derivado de um caminhão da Alfa Romeo na Itália. O modelo ficou famoso no Brasil e chamava a atenção por causa do visual “parrudo” e do ruído do motor de seis cilindros em linha totalmente feito de alumínio.

O dia 21 de abril de 1960 ficou marcado no Brasil pela inauguração de Brasília e pelo lançamento do FNM JK (abaixo). O primeiro automóvel da marca era baseado no Alfa Romeo 2000. O sedã de luxo, que mais tarde seria rebatizado de FNM 2000, era o carro mais caro feito no Brasil naquela época.

De volta para o futuro
Em 1968 a FNM foi privatizada e vendida à Alfa Romeo. A companhia continuou produzindo caminhões, automóveis (caso do 2150, sucessor do 2000), e chassis de ônibus. Em 1972, lançou os caminhões FNM 180 e o FNM 210.
Em 1973, a FIAT comprou 43% das ações da Alfa Romeo. No ano seguinte, o sedã 2150 foi substituído pelo Alfa Romeo 2300, modelo feito exclusivamente no Brasil. Em 1976, a Fiat assumiu o controle total da Alfa. Em 1979, os FNM 180 e 210 foram substituídos pelo caminhão Fiat 190.
Em 1985, sob administração da Iveco, que também pertencia ao Grupo Fiat, a fábrica da FNM fechou as portas. No local funciona atualmente uma unidade da Marcopolo. Curiosamente, após 25 anos uma ação de empresários ligados à encarroçadora gaúcha trará a marca FNM de volta à vidas vias brasileiras.
Fonte: Estadao.com.br

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25 jul

A energia renovável e a retomada econômica pós Covid-19

Por Paulo Bessa Antunes
A pandemia causada pelo novo Corona vírus causou e, ainda, causará enormes dificuldades para a economia global. O Fundo Monetário Internacional estima que o Produto Interno Bruto Brasileiro sofrerá, em 2020, queda equivalente a 9,1%. Outros países como Espanha, Itália e França experimentarão quedas ainda maiores (média superior a 12%)[1]. Durante a pandemia foi verificada uma redução da emissão de carbono para a atmosfera. A Agência Internacional de Energia avalia que até o fim de 2020 haverá uma redução de cerca de 8% nas emissões globais, quando comparadas com os valores de 2019.[2] Conforme observado pela IRENA[3], ainda que a queda seja significativa, ela demonstra que pouco tem sido feito em termos de descarbonização da economia mundial.
Outro impacto extraordinário da pandemia foi sobre os empregos globais. Há previsão de que cerca de 25 milhões de empregos sejam reduzidos a pó[4]. Admite-se que no Brasil o número de “novos desempregados” alcance próximo de 8 milhões de pessoas.[5] De acordo com estudos do Banco Mundial[6], entre 40 e 60 milhões de pessoas serão lançadas na extrema pobreza (renda diária inferior a U$ 1,00), com impactos fortíssimos na África sub-sahariana. As repercussões sobre as mulheres tendem a ser extraordinárias, pois elas correspondem a aproximadamente 70% do total de trabalhadores nos serviços de saúde mundiais e respondem por 75% do trabalho não remunerado com crianças, idosos e doentes.
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Quanto aos doentes e óbitos decorrentes da Pandemia, os números são igualmente assustadores. São contabilizadas cerca de 13 milhões de pessoas infectadas no mundo, com quase 600 mil óbitos, em apenas oito meses desde o surgimento da doença na China.[7]
O quadro acima fala por si mesmo.
O setor de energia renováveis pode ser muito importante para ajudar a retomada econômica e diminuir os efeitos deletérios ad COVID 19, assim como dar uma contribuição relevante para a diminuição consistente da emissão de carbono. A transição energética, isto é a adoção de energias limpas, em 2019 foram responsáveis pela geração de investimentos da ordem de U$ 824 bilhões, estima-se que entre 2021 e 2023 tais valores possam atingir U$ 2 trilhões.
O setor de energia renovável tem possibilidade de gerar um milhão de empregos por ano caso os países façam os investimentos necessários para cumprir as metas globais de redução de emissões de poluentes definidas pelo Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário, de acordo com a Agência Internacional de Energias Renováveis[8]. Em relação ao Brasil, em em 2017, havia 893 mil vagas para profissionais envolvidos com produção, geração e distribuição de energia renovável – excluindo as grandes hidroelétricas. Segundo o relatório da Irena, foram 795 mil oportunidades nos biocombustíveis líquidos, 42 mil em aquecimento solar, 34 mil em energia eólica, 12 mil em pequenas hidroelétricas e 10 mil em energia solar fotovoltaica. A tendência é, evidentemente, de crescimento.[9]
Do ponto de vista geopolítico, é importante que o Brasil avance nas energias renováveis e na proteção da Amazônia, pois a comunidade internacional, inclusive a de negócios está cada vez mais empenhada no enfrentamento das mudanças climáticas, sendo significativo que a Europa está projetando a retomada econômica com um programa verde[10].
Os preços das energias renováveis estão se tornando mais competitivos e, principalmente, tem havido avanços tecnológicos relativos ao armazenamento de energia, calcanhar de Aquiles das renováveis, tornando mais factível o ingresso de mais energia renovável na matriz energética. Não se esqueça o novo programa RenovaBio que, certamente, é um estímulo à descarbonização e aos biocombustíveis. Aliás, significativo das mudanças é o fato de que as grandes petroleiras estão, cada vez mais, se transformando em empresas de energia e não apenas de petróleo.

[1] Disponível em: < https://brasil.elpais.com/economia/2020-06-24/nova-avaliacao-do-fmi-preve-impacto-mais-grave-da-pandemia-e-recuperacao-mais-lenta.htm > acesso em 15/07/2020l
[2] Disponível em: < https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/06/reducao-na-emissao-de-carbono-durante-quarentena-nao-retardara-as-mudancas > Acesso em 15/07/2020
[3] Disponível em: < https://bioenergyinternational.com/markets-finance/new-irena-report-outlines-agenda-to-put-energy-transformation-at-the-core-of-sustainable-post-covid-recovery > Acesso em 15/07/2020
[4] Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/03/18/pandemia-pode-causar-desemprego-de-25-milhoes-de-pessoas.htm > Acesso em 15/07/202
[5] Disponível em: < https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,taxa-de-desemprego-sobe-para-12-9-no-trimestre-encerrado-em-maio,70003349096 > Acesso em 15/07/2020
[6] Disponível em: < https://blogs.worldbank.org/voices/hunger-amid-plenty-how-reduce-impact-covid-19-worlds-most-vulnerable-people > Acesso em: 15/07/2020
[7] Disponível em: < https://olhardigital.com.br/coronavirus/noticia/covid-19-brasil-tem-1-300-novas-mortes-em-24h-total-de-obitos-ultrapassa-74-mil/98089 > Aceso em 15/07/2020
[8] Disponível em: < https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/04/20/coronavirus-nao-detem-geracao-de-empregos-em-energia-renovavel.ghtml > Acesso em: 15/07/2020
[9] Disponível em:< https://ubrabio.com.br/2018/12/19/setor-de-energia-renovavel-gera-mais-de-10-milhoes-de-empregos-no-mundo-diz-estudo/ > Acesso em: 15/07/2020
[10] Disponível em: https://climainfo.org.br/2020/05/28/uniao-europeia-lanca-plano-de-recuperacao-economica-com-incentivos-verdes/ Acesso em: 15/07/2020

Fonte: portal Negócios Pro Br

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24 jul

Governo zera alíquota de importação de componentes solares

Medida que elimina imposto de módulos com potências nominais de até 445 Wp vale até o final do ano que vem.

Um pleito antigo de empresas envolvidas em projetos solares fotovoltaicos foi atendido pelo Governo Federal nesta segunda-feira, dia 20, quando foram publicadas no Diário Oficial da União as resoluções de números 69 e 70 da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que zeram o imposto de importação de mais de 100 produtos de energia solar sem similares nacionais.

A lista dos novos ex-tarifários inclui vários módulos solares fotovoltaicos, inversores, trackers (seguidores solares) e seus componentes, além de motobombas com acionamento solar empregadas em irrigação e captação de água. A isenção dos impostos, que no caso de módulos chegavam a 12% e de inversores a 14%, é válida até o fim de 2021.

A expectativa com a medida, cuja entrada em vigor está programada para 1o de agosto, é a de que nos próximos meses ocorra uma redução de entre 6% e 8% nos preços dos módulos para o consumidor final, segundo declarou à FotoVolt Bárbara Rubim, vice-presidente de geração distribuída da Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica.

Para a executiva, o setor comemorou muito a iniciativa governamental, principalmente por conta do câmbio desfavorável, que vem afetando os negócios de um mercado em que mais de 60% do custo de um sistema fotovoltaico tem origem em equipamentos importados, a grande maioria da China.

“É muito positivo para as empresas o barateamento do sistema em um momento em que a fase aguda da epidemia começa a terminar e que entramos numa perspectiva de retomada econômica”, disse Bárbara, também sócia da consultoria especializada Bright Strategies.

Por outro lado, a possibilidade de a isenção de impostos de importação afetar fabricantes locais de sistemas não é vista como preocupante. Isso porque a cadeia produtiva nacional, além das estruturas metálicas fixas, é mais limitada à montagem de alguns tipos de módulos a partir da importação de células fotovoltaicas. “Além disso, também servem como proteção natural aos fabricantes nacionais a política de conteúdo local para financiamento Finame-BNDES e o fato de os ex-tarifários serem transitórios”, lembrou.

Na avaliação da vice-presidente da Absolar, a expectativa de redução de preços dos sistemas se funda principalmente na inclusão de dezenas de módulos solares, monocristalinos e bifaciais, nos ex-tarifários, já que os equipamentos representam o custo principal dos sistemas fotovoltaicos.

As listas dos novos ex-tarifários podem ser acessadas via os links https://lnkd.in/deegQ6p (resolução nº 69) e https://lnkd.in/dZYSuFz (resolução nº 70).

Fonte: Revista Fotovolt

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17 fev

Eficiência, investimento que dá retorno

Por Felipe Gradin

Em tempos de crise, o melhor investimento é cortar custos, dizem os manuais de gestão. E, se há um custo nas empresas que cresceu significativamente nos últimos anos, esse é o da energia elétrica. Com reajustes de tarifas acima de 50%, o gasto, que às vezes passava despercebido em alguns setores, se tornou pesado para todos e destroçou a competitividade de indústrias inteiras, caso de eletrointensivas como a de alumínio. É difícil, portanto, que um tema não seja prioridade hoje para as empresas que estão revendo suas finanças: a eficiência energética.

Se a primeira grande onda da eficiência energética no Brasil foi provocada pela insegurança do abastecimento, na época do racionamento, a nova revolução é motivada agora pelo alto preço da energia em um cenário de pouco dinheiro em caixa. As soluções existem, estão disponíveis, interessam às empresas, mas falta verba para investir. O financiamento, então, tem papel ainda mais importante do que há 15 anos. Sem ele, será muito mais difícil tirar os projetos do papel em quantidades expressivas.

A boa notícia é que os bancos identificaram essa oportunidade e estão tentando adaptar seu portfólio de crédito para atender esse mercado.  Como mostra a reportagem de capa, BNDES, Santander, Banco do Brasil e outras instituições estão criando produtos específicos para o setor, corrigindo falhas e tornando-os mais atraente para os clientes.

A má notícia é que os juros estão nos patamares mais altos dos últimos 10 anos. Com taxas de fazer corar um agiota estrangeiro, o crédito no Brasil não favorece investimentos. Mas em comparativo com outras opções nacionais, as linhas para eficiência energética tem hoje taxas competitivas, especialmente no BNDES. E o banco garante que, mesmo com os cortes em seu orçamento, tem dinheiro de sobra para a eficiência.

Mesmo os bancos privados, com juros mais altos, têm conseguido atrair clientes e vêm ampliando suas carteiras. No fim, com taxas altas ou baixas, tudo se resume à disponibilidade de crédito e ao retorno do investimento. Com as tarifas escorchantes como estão, o retorno está cada vez maior. E, segundo os bancos, não vai faltar dinheiro. Agora é receber para crer.

 

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05 fev

Alívio com a redução da bandeira tarifária durará pouco, diz Abesco

 

São Paulo – A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, em janeiro, a criação de um novo patamar para as bandeiras tarifárias, além de reduzir os valores que serão cobrados a partir de fevereiro. As mudanças proporcionarão uma queda de 3% na conta de energia.

Para a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) a alteração é positiva pois trará alívio para os consumidores finais, no entanto durará pouco pois já está previsto um reajuste extraordinário para os próximos meses por conta dos empréstimos bancários feitos às distribuidoras, que ficará entre 10% e 20%.

“Por esse motivo a Abesco defende um plano de redução de consumo de energia por meio da educação dos consumidores e criação de hábitos racionais de consumo consciente e da troca de equipamentos ineficientes e obsoletos, ações que normalmente são custeadas pela própria economia advinda do projeto. Isto garantirá a consistente e permanente redução de custos almejada por todos os consumidores, associada a uma maior segurança energética que o país necessita e a garantia de uma modernização de equipamentos, processo vital para o crescimento de empresas e do Brasil”, defende o diretor Rodrigo Aguiar.

 

Fonte: Procelinfo

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24 nov

Eficienergy na FIMAI


Venha nos visitar na Fimai Ecomondo – Feira Internacional de Sustentabilidade – Estande 62C 11, 12 e 13 de Novembro – Expo Center Norte Visitação Gratuita http://fimai.com.br/

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24 nov

Eficiência energética: o combustí­vel invisi­vel de US$ 18 tri

São Paulo – Fonte invisível e subvalorizada mas com potencial de alavancar o desenvolvimento econômico e social de muitos países. Há algum tempo, seria difícil pensar em eficiência energética nesses termos. Mas a ideia de “reduzir a demanda de energia e fazer mais com menos” tem se revelado uma tremenda oportunidade de turbinar a economia e alcançar metas de desenvolvimento.

O mercado de eficiência energética já atinge cifras vultosas. Em 2012, os investimentos globais no setor somaram US$ 300 bilhões, montante equivalente ao investido na geração de carvão, petróleo e gás em todo o mundo. É possível ir além.

Segundo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), os investimentos em eficiência energética podem gerar ganhos acumulados de US$ 18 trilhões até 2035, quase a soma das economias dos Estados Unidos e Canadá.

Em um estudo que reformula a discussão sobre o chamado “combustível escondido”, a AIE mostra como a eficiência energética tem potencial para apoiar o crescimento econômico, melhorar o desenvolvimento social, promover a sustentabilidade ambiental, garantir a segurança energética e ajudar a produzir riqueza.

A Agência sinaliza uma mudança da visão tradicional de eficiência energética  – de uma simples “redução de demanda de energia” para a de uma  estratégia de fornecimento de melhorias sociais e econômicas concretas.

Uma informação salta aos olhos: as economias geradas pela eficiência energética têm sido maior do que a energia fornecida a partir de qualquer outro combustível. Por isso, a AIE reconhece a eficiência energética como “primeiro combustível” com grande potencial inexplorado para muitos países.

Ganhos “escondidos”

A melhoria da eficiência energética pode trazer benefícios em todo o conjunto da economia, com impactos diretos e indiretos sobre a atividade econômica (medida através do produto interno bruto), emprego, balança comercial e também nos preços da energia bruta.

Em geral, segundo a AIE, a análise das mudanças do PIB devido a políticas de eficiência energética de grande escala mostram resultados positivos, com crescimento econômico que varia de 0,25% a 1,1% ao ano.

Nas indústrias, a energia é muitas vezes vista como um custo operacional. Assim, sua economia é percebida como benefício advindo de outros investimentos e não como geração central de valor.

No entanto, as medidas de eficiência energética industrial oferecem benefícios substanciais. A pesquisa mostra que cada dólar investido em eficiência pode trazer 2,5 vezes mais em ganhos de produtividade, reforçando a competitividade, rentabilidade e produção das empresas.

Outro exemplo vem do setor residencial: a adoção de medidas de eficiência energética na construção de casas ajuda a garantir equilíbrio no clima interno e controle da entrada de luz.

São mudanças simples que deixam o ambiente mais saudável e podem melhorar drasticamente a saúde e bem-estar de seus moradores, reduzindo internações e afastamentos do trabalho por doenças.

Pressão sobre os recursos

A eficiência energética também se tornou um pilar de metas de desenvolvimento global, incluindo a de Energia Sustentável para Todos, das Nações Unidas. A demanda por energia elétrica deve aumentar em mais de um terço até 2035, com mais de metade deste crescimento vindo da China e da Índia.

Além da preocupação com o meio ambiente e impactos sociais causados pelo uso intensivo das térmicas e das usinas nucleares, os países estão tentando diversificar suas fontes de energia, visando reduzir a dependência externa e mitigar os efeitos da flutuação dos preços.

Segundo o relatório da AIE, “em face da crescente demanda de energia, das projeções de crescimento global e da necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o mercado de eficiência energética pode desenvolver-se rapidamente, desde que os interessados compreendam o seu valor”.

Brasil na lanterninha

Como país emergente, o Brasil tem uma fome gigante por energia. Mas seus índices de perda e desperdício de eletricidade também são altos. O total desperdiçado, segundo o Procel, chega a 40 milhões de kW, ou a US$ 2,8 bilhões, por ano.

Em estudo que avaliou a eficiência energética de 16 importantes economias do mundo, o país ganha apenas do México. Segundo o estudo, feito pelo Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente (Aceee), um país que usa menos energia para atingir um mesmo resultado, ou mesmo superá-lo, reduz custos e polui menos, criando uma economia mais competitiva.

Fonte
http://exame.abril.com.br/economia/noticias/eficiencia-energetica-o-combustivel-invisivel-de-us-18-tri

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